Menina de 9 anos tem uma paixão especial por elevadores; a especialista Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida explica como usar o hiperfoco de maneira positiva

O hiperfoco é uma característica comum entre pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), definida por uma atenção intensa, prolongada e seletiva sobre um único tema. Durante esse período, a pessoa pode se desconectar do ambiente ao redor, ignorar estímulos externos e até mesmo necessidades básicas, como fome ou sono. De acordo com a fonoaudióloga e fundadora do Grupo Interclínicas, Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida, esse padrão está presente em até 90% das pessoas autistas, sendo importante que haja um trabalho multidisciplinar para orientar e aproveitar esse padrão de comportamento.
“Quando bem direcionado, o hiperfoco pode ser valioso para o desenvolvimento da pessoa com autismo, da linguagem à alfabetização e até às habilidades sociais. É possível transformar esse interesse em ponte para o aprendizado, desde que respeitando o tempo e os limites da criança”, afirma a fonoaudióloga.
A especialista reforça que o hiperfoco também pode representar um desafio em alguns contextos. “Quando o foco intenso começa a interferir na rotina, como na alimentação, no sono ou na socialização, é preciso atenção. Nesses casos, pode ser necessário um plano de intervenção com apoio de profissionais como fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos”, explica.
Paixão especial por elevadores
Dayanni Vanessa, mãe da Eloá Hazel, de 9 anos, percebeu desde cedo o interesse especial da filha por elevadores. “Ela adora apertar os botões. Quando sobe ou desce, a felicidade dela transborda. Fica tão alegre que contagia quem está por perto. As pessoas acabam sorrindo junto”, conta.
A mãe relata que o comportamento vai além da curiosidade, Eloá reconhece prédios pela presença de elevadores e busca lugares que tenham esse equipamento. “No consultório, ela corre para a frente do elevador, quer ser a primeira a apertar o botão. Em Jacareí, quando passamos pelo prédio Boulevard, ela diz ‘olha, mãe, o Boulevard!’, porque lembra do elevador. Ela tem um vínculo afetivo com isso”, explica.
A investigação sobre autismo começou por volta dos oito meses. Dayanni destaca que entender o hiperfoco ajudou a compreender melhor os sinais e as formas de expressão da filha. “Ela se comunica com o mundo a partir do que ama. Os elevadores são mais do que máquinas, são o jeito dela demonstrar alegria e conexão”, conclui
A paixão de Eloá por elevadores ganhou um novo capítulo quando ela visitou a fábrica da Sectron Elevadores, em São José dos Campos. O momento foi marcante, entre máquinas e painéis de comando, a menina explorou cada detalhe com brilho nos olhos, mostrando como seu hiperfoco se transforma em ponte para a conexão com o mundo. Assista e descubra como seu carinho quebra barreiras com sua forma única de enxergar a vida. https://www.instagram.com/p/DH8aGsIsl9z/
Como trabalhar o hiperfoco de forma positiva?
Segundo a Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida, a abordagem deve ser individualizada e feita com estratégias específicas. “Trabalhar o hiperfoco exige acolhimento e estratégia. Não se trata de eliminar o interesse, mas de torná-lo funcional e saudável. Uma criança que ama elevadores pode aprender matemática contando andares, desenvolver linguagem ao descrever o funcionamento ou socializar ao compartilhar o que sabe com colegas e professores”, detalha.
A especialista explica quais são as características do hiperfoco em autistas. ” O hiperfoco se manifesta como uma atenção intensa e prolongada sobre um tema específico, como trens, planetas, personagens ou dinossauros. É comum haver dificuldade de alterar ou encerrar a atividade, mesmo com tentativas externas. A criança demonstra entusiasmo e um conhecimento profundo sobre o tema, repete excessivamente comportamentos relacionados, como assistir ao mesmo vídeo ou repetir falas sobre o assunto, e pode diminuir o interesse por outras tarefas, como brincadeiras sociais ou alimentação. Além disso, há uma resistência clara à mudança quando ela está envolvida com o objeto de interesse”, explica a fonoaudióloga.
Sobre a Interclínicas
A Interclínicas é referência em cuidado especializado e humanizado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras condições. Com uma abordagem centrada na família, a clínica oferece serviços integrados que promovem bem-estar, desenvolvimento e inclusão. Ao todo, são seis unidades pelo Brasil. Para mais informações, acesse https://interclinicasautismo.com.br/